domingo, 21 de dezembro de 2008

o que será que me dá?

Era início do ano, portanto o verão gritava na cidade, o calor estava como nunca e o sol era a presença do inferno aquele dia. Final da tarde, por volta das cinco horas, estava dirigindo seu carro, acompanhada de suas amigas que faziam de tudo para transformar aquele passeio em algo lúdico, porém ela tomara um dose de calmante logo no início da tarde, deitara e com os fones no último volume, ouviu as músicas que lhe arrancaram o coração pela boca. Não sabia como guiava o carro com tanta precisão. Dentro do veículo seu silêncio incomodava, o choro preso fazia de sua expressão feia e estranha, os soluços das últimas semanas mudaram sua face.
Ela apenas pensava como sua vida mudaria a partir daquele dia e por mais que quisesse soltar um sorriso, simplesmente não conseguia. Repetia para si mesma diversas vezes que era impossível não se sentir mal, por mais que precisasse expressar o contrário. Imaginava que era puro exagero, mas depois ela tinha certeza de uma única coisa, não queria sofrer, embora seu sofrimento corroesse suas veias há semanas, ou melhor, há meses.
Chegou ao destino: as quatro amigas andavam lentamente, procurando achar alguém conhecido no hall central. Ela parou, hesitou, quis voltar para casa. Na realidade ela nunca quisera estar ali e participar daquela cerimônia, não queria se expor com seus choros e soluços incontroláveis, o que iriam pensar daquela menina? "Nossa, que exagero!" Mas sua força não era compatível com a presença de suas amigas que a carregaram como uma criança pelos braços.
Com as mãos escondendo o rosto andou até as cadeiras onde todos se encontravam, mãe, pai e irmão e lógico ele, que rapidamente a tomou nos braços, foi o abraço mais demorado que deram em quase um ano juntos. Ela desabou. Abraçou a mãe o pai e cumprimentou o irmão. Estava morta de vergonha, como pode fazer papel de criança chorona tão fácil!? Não podia perder tempo, os minutos corriam e logo estariam a léguas de distâcia, essa idéia a matava aos poucos.
Olhou bem fundo aquela imensidão de cor verde - como se registrasse aquele momento para a eternidade - , um beijo demorado, entregou uma carta e não quis mais vê-lo. Era duro demais, estava fraca e não conseguia falar. No fundo tudo doía e nunca sentira aquela dor antes.
Aonde ele estiver, tinha certeza, carregará uma parte dela, isso não mudaria, nunca. Não falou de sua importância pois não conseguiu falar palavras que fizessem sentido. Mas daquele momento em diante enfrentará a vida com sua ausência e isso não tinha a menor lógica.
Olhou para o infinito e imaginava como seriam os finais de semana, os rodízios de pizza, a mc donald's, o sofá de sua casa, a enorme lista de filmes, a leitura dos livros, as aulas de política, as ligações no meio da tarde. O vazio entre seus braços que outrora preenchia com tanta força, o prazer em aperriar, sua melhor gargalhada. Parou por aqui, não quis ir mais além. Desorientada, reprimiu seus próprios pensamentos.
Deixou o aeroporto e voltou para casa, não queria ver o sol daquele verão.

sábado, 13 de dezembro de 2008

tive uma premonição

Acordou, quem estava dormindo
Acordou descansado e sorrindo
Acordou para a vida aqui fora
Acordou porque já era a hora
Acordou pro tratado divino
Acordou nesse sonho o menino
Acordou como quem pede bis
Acordou pra tentar ser feliz

Visitou seus antigos valores
Despediu-se de amigos e amores
Empunhou-se das tais novas armas
E apontou para os seus velhos carmas
Flutuou sobre sua coragem
Desligou-se da antiga imagem
Revelou-se alguém a procura
Preparou-se pra etapa mais dura

E ai juntou
Todo amor que tem
Com a força de quem vem
Inaugurar a fé

E assim lutou
Afim de conquistar
O seu lugar ao sol
Como o bom vencedor
Que é.

Como um vencedor - Línox

Fly high


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

queria ser eu novamente

Hoje tomei coragem e arrumei minhas coisas, na verdade eu sempre faço isso no final do ano, agora na faculdade, ao final de cada semestre: organizo as trocentas xerox de acordo com a ordem do programa da disciplina, as pastas e aproveito minha motivação e arrumo todo o quarto. Vantagem é a sensação de renovação e saber que tudo está limpo sem poeira. Então sempre acabo encontrando coisas perdidas, não tão perdidas, uma vez que eu, no passado, as guardei naquele determinado local que terminou por cair no meu esquecimento. Acabei encontrando fotos, cartas e até meus livros de quando era pequena e mal sabia ler. Bateu-me uma saudade e quis voltar o tempo, ser aquele eu novamente. Pareco ser outra pessoa. Já imaginei encontrar uma menina de dois anos quase sem cabelo, super simpática, correndo pela casa e falando coisas sem sentido, com seu Joãozinho de lado. Me pegaria no colo e certamente choraria por longos minutos, isso tudo com o pensamento fixo onde eu poderia ter acertado quando errei ou o que poderia ter feito de diferente e acabaria por mudar o rumo das coisas. Depositaria naquela garota de apenas dois anos toda responsabilidade de mudança que gostaria de fazer, talvez seja um sacrifício enorme para alguém que está aprendendo a falar.
Na realidade eu nem tenho muito do que reclamar, nao tenho do que reclamar definitivamente mas é a sensaçao que essa época do ano me traz, voltar o tempo, recomeçar e pior parece que tudo está caminhando para seu fim, o término de um ano, nao um ano apenas. Para mim é muito mais que um ano, é o fim de um eu e a esperança de um novo recomeço em que tudo se transforme...

sábado, 22 de novembro de 2008

fado

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro).
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar.
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora."

Desmedida sensação de incapacidade, fracasso e frustração.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

ti quiero barcelona

Meu primeiro filme de Woody no cinema, diretor que conheci ano passado e que já sei tanto sobre seus suas características. Aprendi a gostar e até fazer análise cinematográfica na cadeira de 'Teoria da Imagem', a comédia misturada com a tragédia é seu prato predileto, passou a ser o meu também quando se trata do Woody. Também foi o primeiro filme na telona com a Penelope (que é uma espécie de Natália para mim) e do Javier, atores que gosto demais. É sempre bom apreciar uma arte e admirá-la com risos de consagração.
Enfim, Vicky Cristina Barcelona reativou minha paixão, que apenas estava adormecida pela ocu(preocu)pação com os assuntos acadêmicos, pelos filmes que nos revelam a magia e realidade que é a vida como um todo. Fico por aqui esperando pela próxima arte, arte no sentido amplo e literal.

domingo, 9 de novembro de 2008

des-calços

Foto: Sebastião Salgado

diário de uma adolescente

Eu acho que sei muito, muito é muita coisa, mas o suficiente. Aí vem algum pensamento e diz que eu sei muito pouco, quase nada. E entro em desespero, fico angustiada e a insegurança toma conta de mim. Com o medo transpirando meus poros meus olhos não conseguem mentir e as intermináveis perguntas chegam a minha boca e saem sem que eu as controle. As vezes eu acho que é melhor assim, talvez quando eu me cale fique ainda mais desesperada pois são duas vezes mais angústias e insegurança: os meus pensamentos e a minha ausência de perguntas. Afinal se o único jeito de saber as coisas que tanto me atormentam é perguntar, perguntemos!
Mas não tem jeito, nem todas as perguntas do universo vão me fazer ficar quieta diante das minhas inseguranças.
Eu já tenho uma tendência a ficar tensa, nervosa, com insônia, é aquela frase "penso, logo não durmo". Então aqui estou, sozinha em meu quarto sem conseguir dormir, mais uma vez. Só não quero precisar tomar remédios para relaxar. Isso é um vício.
Pois é, penso na vida, nas mil coisas que tenho pra fazer, entregar trabalhos, provas e fichamentos. Está tudo inacabado. Penso nos amigos que desejo te-los por perto, mas não vejo esta possibilidade, estão todos construindo suas vidas e o tempo que nos resta são os poucos finais de semana. Tenho saudade, morro de saudade. Penso em você, em nós, na vontade desgarrada de ser feliz e amar amar amar. Penso que um dia ainda morro de medo e insegurança que chega a doer e por senti tanta dor eu caio aos prantos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

o buraco

Hoje eu fiquei completamente estressada com um trabalho da faculdade. É engraçado como eu sempre deixo tudo pra última hora e isso sempre me faz um mal danado. As vezes eu ensaio fazer tudo no seu tempo pra não entrar em agonia, mas não consigo manter a regularidade por mais de duas semanas. As vezes simplesmente eu não faço meus deveres de casa por pura preguiça e o transtorno parece nunca ter fim, salvo nas férias que eu canso de fazer nada. Falando em férias eu corro meus dias ansiosa por elas, no fim do túnel já avisto a luz do meu primeiro dia de literatura e de meu cinema em casa com pipoca.

Mas enfim, hoje eu escrevo pelo único fato de não entender como ainda não postei o texto do Arnaldo que logo mais surgirá. Na realidade, eu comecei falando de meu trabalho sobre o desenvovilmento psicossocial (blá blá blá) e por não aguentar mais olhar para as letras aparecendo no monitor, eu coloquei algumas musiquinhas do Arnaldo pra abstrair o clima pesado que pairou essa tarde.
Entre elas veio o Buraco do Espelho, texto que eu descobri há mais de dois anos e que dizia muito sobre minhas noites mal dormidas de outrora, porém descobri que o tempo passou, muitas coisa mudaram mas a poesia concreta do Arnaldo é atemporal e ainda, ou melhor principalmente hoje me deixa perplexa.

Essa tarde eu parei quando aquela voz rouca soou pelo quarto, transcorreu pela casa e voltou aos meus ouvidos, logo com as primeiras palavras: O BURACO DO ESPELHO...parece que o mundo parou, parado.
Certamente!
Sem o Antunes, pois o Arnaldo já me basta!
"o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve

já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada

o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora "

Arnaldo Antunes

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Lá vem ele.

Juízo Final

"Se o homem soubesse amar não elevaria a voz nunca, jamais discutiria, jamais faria sofrer. Mas ele ainda não aprendeu nada. Dir-se-ia que cada amor é o primeiro e que os amorosos dos nossos dias são tão ingênuos, inexperientes, ineptos, como Adão e Eva. Ninguém, absolutamente, sabe amar. D. Juan havia de ser tão cândido como um namoradinho de subúrbio. Amigos, o amor é um eterno recomeçar. Cada novo amor é como se fosse o primeiro e o último. E é por isso que o homem há de sofrer sempre até o fim do mundo - porque sempre há de amar errado."
Nelson Rodrigues - Morrer com o ser amado - 1968

domingo, 26 de outubro de 2008

momentos ao vento

Eu não consigo sentar perto dele nas aulas de política, pois se ficarmos juntos consequentemente é risada descontrolada a cada "uímen ráthi" que o professor falar. No entanto eu nunca passei por tal experiência e por mais que eu não queira dar uma gargalhada e quebrar o silêncio da aula eu não perderia a oportunidade de me divertir um pouco mais, mesmo que isso signifique uma ameaça na minha nota no final do semestre.
Mas devo confessar que de vez em quando é bom viver na expectativa e passar por um perigo incomum. Além da diversão é uma das coisas mais indescritíveis desse mundo ter alguém com quem possamos compartilhar os momentos, no plural mesmo. Os momentos de felicidade, tristeza, medo, sufoco e alívio. Os momentos de calmaria e inquietação, o momento do choro entre soluços e dos saltos de alegria. E porque não o memento dos gritos? Enfim, o momento da entrega de nossas almas. O momento do amor.

sábado, 25 de outubro de 2008

Como são os românticos II

"O cenário inspirava. O beijo parecia não ter fim. Nem eles queriam que tivesse. Jurava que podia ouvir uma trilha sonora, não a do restaurante, mas a trilha sonora que eles haviam escolhido. Ainda que aquele lugar estivesse lotado, não importava: Tudo estava parado para os dois. Então eles olham nos olhos um do outro e ela diz: Tira a mão do meu sovaco! "
Eu juro que ia falar uma coisa linda, mas não deu tempo.
E lógico, eu sou romântica!

domingo, 19 de outubro de 2008

Amar

Que pode uma criatura senão,
senão entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.


Carlos Drummond de Andrade

Brasil, o país do futsal.

Falcão, menino de ouro
Eu confesso que por motivos acadêmicos não acompanhei todos os jogos, o que me excluiu do clima futebolístico que, de fato, amo. Porém hoje senti o gostinho de uma final contemplada de emoções à lá futebol tradicional, quando dava gosto de gritar gol e xingar a seleção adversária.
Vale ressaltar que eu não estou gostando do desempenho da seleção dos últimos jogos, foram empates e derrotas vergonhosas, mas também não estou do lado da torcida que só xinga, critica e vira as costas no pior momento, pois acho que torcedor leal é aquele que acompanha seu time(seleção) em todas as horas. Se o técnico não presta ou tal jogador não rende, não vai adiantar fazer xingamentos alheios. Na hora da vitória o mesmo torcedor estará gritando "CAMPEÃO". Esquecendo os antecendes que ele mesmo criticou no passado. Um tanto quanto contraditório e cansativo.
Enfim, voltando ao motivo do post
Foi um jogo disputadíssimo, cheio de altos e baixos onde o Brasil deu show de bola, literalmente. Com alguns desfalques a seleção continuou resistente e mostrou seu melhor futebol de quadra. Não é exagero afirmar que foi emocionante assistir a persistência de toda a seleção diante de um bicampeão em busca do tri. A Espanha é ótima, marcação que nunca falha e chutes fortíssimos, mais parecem uma bomba. São faltosos também, mas nesse clima de decisão a máxima que 'tudo vale' é completamente válida.
No entanto, o Brasil foi fantástico, extremamente técnico em algumas lances: jogadas 'perfeitas' com finalizações ainda melhores. Já em outros momentos, a técnica foi deixada de lado e a vontade de ser campeão, pela sexta vez, falou mais alto. No ápice do cansaço dos caras não tinha técnica de futebol que chegasse a mente. E foi dessa maneira que os brasileiros conduziram o jogo, sempre na frente. A Espanha teve que ir atrás do placar que contava vantagem para o Brasil. Enfim, eles conseguiram e a final foi denifida nos pênaltis, mais emoção.
Pra quem gosta de um futebol, não importa o gênero, o futsal está bem cotado, além de assistir a um jogo de qualidade, nível e técnica fantástica, pois a seleção é composta por dez atletas e todos são titulares, dentre os quais, há o Falcão, menino de ouro. O Schumacher que acelera em campo e os irmãos 'destaque'.
E já que a seleção do futebol de campo não está dando alegria para os torcedores que tanto esperam, os meninos da seleção de futsal não hesitam em jogar bonito. De fato o Brasil é conhecido por ser o país do futebol, e o é; mas hoje o grito no futsal soou mais forte. Hoje o Brasil é o país do futsal.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

(es)cravos de hoje

É bastante interessante como os padrões de beleza se estabilizaram nos dias atuais. Se não for magra, alta, cabelo lisolongolouro não presta. É praticamente um produto. Artifícios.
As gordinhas estão fora da disputa por elogios frequentes, consequêcia dessa exclusão é o desespero seguido da regime e por fim a doença sem controle. Resta para as magra manter o corpinho esbelto e queimar os cabelos, que ficam na cabeça.
Seguindo a moda-muda, que muda todo mês, as mulheres vestem-se e arrumam o cabelo de uma maneira muito peculiar, quero dizer: igual! É incrível como o modelo a ser seguido é realmente 'O' modelo, único. A capacidade de criar foi deliberadamente banida, não há brecha para o instinto criativo muito menos de ser diferente, está tudo pronto para ser devidamente obedecido.
As mulheres devem ter cabelos longos e lisos, de preferência claros beirando o louro característico, o reflexo de um fio 'solto', díspare, é pura loucura. O penteado também é o mesmo, hoje está em alta aqueles franjões que costumam tirar a visão nítida das coisas, na verdade é melhor está 'linda' a enxegar. Sem contar que esses tais franjões as deixam com um tique agoniante. A roupa, lógico, também sofre da igualdade padronizada. Todas com o mesmo estilo de vestimenta com as mesmas estampas e os mesmos sapatos. Mesmo, mesmo e mesmo.
Talvez o mais engraçado não seja a idéia de pessoas iguais perambulando pelos lugares, mas o fato de que amanhã tudo mudará e coisas que se consomem hoje não terão valor algum. É tudo descartável, desprezível e manipulável.
Concordo com Raul quando diz que todas as maças são iguais, eu bem sei que ele não estava falando dessa igualdade específica, mas caí como uma luva, não é mesmo?
É melhor dar valor ao desigual, estranho e estrambólico, enfim ao que posso chamar de criatividade. Porém esse juízo de valor simplesmente é ininteligível e marginalizado. Ainda assim, eu prefiro ser teimosa e enxergar o diferente. Prefiro valorizar o desvalorizado. Contraditório, com toda razão!

domingo, 12 de outubro de 2008

Mas-sa-bes que consegue.



De olhos bem apertados, punho cerrado, coração batendo forte e o pensamento positivo acompanhei o GP desse domingo. Tive que varar a madrugada, o que não considero um esforço dos maiores, ainda mais quando faço por uma coisa que me dá prazer, pois é Fórmula 1 ainda me me toca fundo as emoções e hoje o mérito não é do vencedor e sim de quem merece o título de campeão 2008.

O GP do Japão foi emocionante: manobras, batidas e rodadas aos gritos de Galvão, liretalmente. A prova foi confusa, com muitas punições e pilotos 'lutando', na pista, pelas primeiras posições, vi um Hamilton desesperado ao se distanciar da sua pole position. Um Kimmi beirando a inutilidade quando se trata em ajudar seu companheiro de equipe. Um Alonso resurgindo com sua quanse inseparável Renaut e por fim, vi ele, um Massa esforçado mostrando que está motivado e merece o campeonato.

Depois de várias obstáculos, Massa não entendeu porque seu colega ferrarista estragou sua prova quando duas vezes seguidas, colocou-se em sua frente e deixou Hamilton ultrapassá-lo quando detinha a vantagem. Enfim, Kimmi não precisava atrapalhar mais em nada, a merda estava feita. Na realidade a Ferrari deveria trocar de piloto pelo menos nessas corridas finais, assim o finlandês não participa mas também não atrapalha.

Foi sozinho que Massa mostrou-se capaz. Ele não venceu, porém a busca por um ponto valeu como vitória suada. As punições foram a constante da prova e as ultrapassagens deram o toque de emoção final. Torci a cada segundo, pois o que vale nas corridas de Fórmula 1 são os segundos ou milésimos de segundo. O tempo é corrido, lá o tempo é ventre fecundo aonde tudo é gerado.

Só pra reafirmar que eu acredito!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

não deu.

'Pois é, não deu!
Deixa assim como está, sereno!'

Bateu uma tristeza.
Levaram meus sonhos, minha fantasia, minhas idealizações.
E agora eu estou vazia.
É tão duro falar isso quanto foi duro sonhar sabendo das minhas limitações.
Levaram meus amores, meus desejos, meus caminhos.

E agora pra onde eu vou?
Por que eu parei por ali?
Por que eu não continuei a sonhar e planejar meu futuro?

Levaram-me tudo!

Onde estou?

domingo, 5 de outubro de 2008

faz-me rir!

voto consciente e teoria política clássica!
pura diversão no meu domingo.

gargalhadas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Acqua Mossa


Maria Quitéria e suas filhas: nós!
A luminosidade das cores em curvas definidas.




Lost!

''Just because I'm losing
Doesn't mean I'm lost
Doesn't mean I'll stop
Doesn't mean I would cross

Just because I'm hurting
Doesn't mean I'm hurt
Doesn't mean I didn't get what I deserved
No better and no worse

I just got lost!
Every river that I tried to cross
Every door I ever tried was locked
And I'm Just waiting 'til the shine wears off

You might be a big fish
In a little pond
Doesn't mean you've won
'Cause along may come
A bigger one''

Coldplay

antes de dormir

Acabou-se o tormento de uma semana. Triste é pensar que hoje acaba a primeira de muitas outras que enfrentarei ainda esse semestre. Termino o dia de hoje cansada, com a morte batendo em minha porta e o desejo de deitar por dias profundos.
Semana de altos e baixos, mais baixos que altos, vale ressaltar. Pena que a ordem seja inversa, queria mesmo estar feliz e satisfeita com as coisas que me acontecem, porém não é assim que me sinto.
Nada melhor pra ilustrar meu estado de espírito do que a música do Coldplay que há um tempo me cantava ao ouvido mas só agora ela criou vida dentro de mim. Pois depois do fracasso, a reflexão. A ajuda, completamente inesperada, e por fim a vontade de vencer, se é que ela realmente existe.
Difícil é perceber que a estrada - jornada - é longa, árdua e sofrida, ou será uma dosagem bastante pessimista?
Nem quero pensar no caminho que percorrerei, quero viver o hoje sem a previsão do amanhã, quem sabe assim fica mais fácil ou menos difícil.
Assim aquela menina imaginou antes de dormir.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

(só) é o que me interessa

Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo e transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado só de quem me interessa

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Por trás do seu sossego, atraso o meu relógio
Acalmo a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa

Lenine

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

minha arte.

Fiz questão de marcar presença, esperei e cheguei perto mais que qualquer outra pessoa. Por isso o primeiro abraço foi meu, mérito de alguém que correu atrás da pessoa amada, querida e admirada. Ainda bem que ela vive pertinho, não tão perto quanto eu desejo mas o suficiente para sua energia me transformar numa pessoa melhor.
Ela me viu crescer, me pegou no colo e me chamou de bizinha, provavelmente ela quem inventou esse delicado apelido. Não vem ao caso saber do passado quando se quer viver o presente de forma intensa. Mas amo rememorar os tempos de crianças, as músicas cantadas e rever as fotos antigas. Porém nada é melhor que ter a consciência de que estou muitíssimo bem acompanhada (vale o exagero) pois ela é meu ar fluente, meu olhar mais admirador e uma de minhas - maiores - influências.
Hoje o papo rola mais solto, carregado de uma leveza inexplicável, coisas que gostaria de ter com mais frenqüência, no entanto fico bastante contente quando o que tenho é um almoço rápido, comida engolida, tchau.
Ela é cinema, literatura e canção! Profunda, forte e mulher!
Ela é minha arte.

domingo, 14 de setembro de 2008

só solidão

"Posso estar só
Mas sou de todo mundo
Por eu ser só um
Ah nem, ah não, ah nem dá
Solidão foge que eu te encontro
Que eu já tenho asas
Isso lá é bom?!
Doce solidão"

Diferente do Camelo, sinto-me só.
O dia chega ao fim: eu deitada, sem sono, cheia de pensamentos, só solidão, mais uma vez.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Liberdade

"Perceber aquilo que se tem de bom no viver é um dom
Daqui não
Eu vivo a vida na ilusão
Entre o chão e os ares
Vou sonhando em outros ares, vou
Fingindo ser o que eu já sou
Fingindo ser o que já sou
Mesmo sem me libertar eu vou
É Deus, parece que vai ser nós dois até o final
Eu vou ver o jogo se realizar de um lugar seguro
De que vale ser que vale ser aqui
Onde a vida é de sonhar?
Liberdade"
Marcelo Camelo

domingo, 7 de setembro de 2008

subjetos

insônia, caminho, lá atrás, aqui na frente, dentro, fora, em baixo, em cima.
pequena, média, grande, magra, alta, liso, cacheados, likeadream.
mundo, vasto mundo, universo, particular, casulo, amor.
muitos, poucos, rio, pensamento, peixe, história, vida.
caiu, levanta, diversas vezes, apreender.
velhos, novo, importante, novidade, invenção, felicidade, amor.
faltou, comando, everything, aprumar, moço, choro, razão, amor mais paixão mais vida.
vida, inconsequências, foca, peixe-boi, eu, amanhã, amor.
jornal, jornada, comum, social, descobrir, perder, submersa.
objetividades, mas é lógico.

sábado, 6 de setembro de 2008

ultrapassagem

  1. “Porque em você eu achei o que, uma vez perdida, jamais imaginei reencontrar”
  2. Algo mágico surge quando estou contigo, principalmente quando os meus olhos se perdem dentro dos teus
  3. O laguinho ganhou mais sentido, enfim, não preciso procurar mais
  4. A extensão da nossa trilha sonora, tão pequena, porém tão ग्रांड
  5. Os tantos NandosReis, Vinícius, Chicos, MariasBethânias, LosHermanos, etc।
  6. Entre símbolos do capitalismo, esquinas e quarteirões
  7. As conversas descontraídas, sérias, entre provocações e gargalhadas
  8. Porque eu nunca me senti tão bem com alguém em tão pouco tempo
  9. A desmedida sensação de proteção
  10. Aquela nossa vizinha, amiga em comum, a Clarice!
  11. Gosto dele, gosto mais de mim quando estou com ele, gosto “da gente”
  12. Confesso, ele tem uma paciência singular
  13. As sextas-feiras nunca mais foram as mesmas
  14. Eu corro, eu pulo, eu agarro e o mundo parece girar mais rápido
  15. Eu mordo
  16. Só ele consegue aturar meu abuso por mais de trinta minutos
  17. Os outros são os outros, é você, SÓ você
  18. Diante do medo o sorriso aeróbico
  19. Pela construção do nosso mundinho particular
  20. Finalmente a gente aprende que nem tudo precisa de uma explicação e a vida parece ficar mais fácil
  21. Um conjunto de afeto, carinho, compreensão, amizade e desejo
  22. A manha e o dengo unidos
  23. Meus olhinhos, minha parte de baixo da boca
  24. Porque ele simplesmente não me dá um fora, apenas rir das minhas leseras
  25. Grande, pequena, com buracos, com preponderância, não importa! É minha linda barba!
  26. Sua convicção acerca do seu futuro e das ciências sociais, é admirável
  27. O silêncio seguido do barulho e vem o silêनकिया novamente
  28. bevor, war die Angst von nächsten kommen, jetzt ist die Angst vor dem Verlust

terça-feira, 2 de setembro de 2008

saudade, clarice!

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

breveprofundosuspiro

as pessoas que escolhemos para amar são tão poucas.
duvide daquele camarada que diz ter inúmeros amigos e é feliz pois consegue dividir seu tempo, com propriedade, contemplando todos sem receber reclamações. as vezes eu sou infeliz, porque diferente daqueles mágicos do tempo, eu realmente não sei ministrar o tempo que resta para passar junto aos meus queridos. por derrapar diversas vezes, hoje eu canto minha tristeza, minha angústia e minha morte.
Morri.

sábado, 30 de agosto de 2008

salão de beleza

"Vem você me dizer
Que vai num salão de beleza
Fazer permanente
Massagem, rinsagem, reflexo
E outras "cositas más"

Oh Baby você não precisa
De um salão de beleza
Há menos beleza
Num salão de beleza
A sua beleza é bem maior
Do que qualquer beleza
De qualquer salão

Mundo velho
E decadente mundo
Ainda não aprendeu
A admirar a beleza
A verdadeira beleza
A beleza que põe mesa
E que deita na cama
A beleza de quem come
A beleza de quem ama
A beleza do erro
Puro do engano
Da imperfeição."

Zeca Baleiro

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

quem sabe


eu não lembro do primeiro contato, nem da primeira música ouvida, muito menos a primeira música que decorei pra cantar mundo a fora.

por outro lado lembro do primeiro, segundo, terceiro e quarto cd, de cada música que neles posso encontrar, sei cantar todas sem errar um sílaba(exagero meu). o dvd histórico e o luau tranqülizante. lembro dos gritos histéricos, dos choros doloridos, do soluço profundo e daquela foto bonita que eu fiz de nós dois. Ainda lembro as blusas coloridas, os broches que tanto prezo e guardo para não perde-los ao léu, o adesivo pregado em minha janela durante anos, uma companhia silenciosa e daquele autógrafo suado que ganhei. ouço a voz rouca em meu ouvido e lembro do melhor show de mi vida, minha insensatez ao subir naqueles ombros que pularam junto com o meu coração.

também lembro a minha paixão platônica, o meu delírio noturno, a chatice insuportável e o meio bossa nova rock and roll. aquela canção inacabada, não é? Quem sabe?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

um tal Magritte

L'Empire des Lumieres - Rene Magritte
O céu está claro com o sol a iluminar, porém na casa é noite sortuna, apenas as luzes têm tal poder.
É a simultaneidade do tempo surreslista que me confunde, ainda.

domingo, 29 de junho de 2008

Exicest

'são dos nossos planos que sinto mais saudade'
É uma verdade, parei pra pensar agora e uma das coisas que a gente mais fazia era bolar planos para o nosso futuro, que seria, aos nossos olhos perfeito em que o grupo todo permaneceria unido. Não foi bem assim, apesar de matermos contanto sempre que possível.
Tudo que a gente conversava, nossos segredos que nem eram tão segredos assim, mas tinham uma valor danado pra gente, as reuniões dentro e fora de sala, no Capibaribe ou em qualquer outro lugar, tudo era perfeito quando estávamos juntas, era encantado, mágico, conduzidos pelos melhores e verdadeiros sentimentos, liderados pelo amor. Hoje é um pouco diferente do que fomos alguns anos atrás, o capibaribe permanece em nossos corações e lembranças, mas não nos presenteia com encontros diários. Agora, a gente caminha com os próprios pés e tudo depende da nossa boa vontade. O carinho ficou e tenho certeza que amadureceu, fortaleceu e vai durar por muito tempo, senão "para sempre".
Hoje as nossas diferenças gritam mais alto que antes, quando parecíamos, iguais, as vezes fundidas nos transformávamos em uma só. Os risos, choros, alegrias, tristezas, momentos importantes, estão guardados, seguirão por toda vida ao nosso lado, sempre ali pra nos lembrar como foi lindo os anos que costumávamos achar tudo absurdo. Lembra das coisas que jurávamos nunca fazer, nem experimentar? Lembro os comentários e as promessas, hoje já quebradas pela curiosidade ou pelas influências. Pensei que viveríamos esses momentos juntas mas não aconteceu. Agora a gente conta os verdadeiros segredos quando nos encontramos, muitas vezes ficamos supresas com o que fomos capazes de fazer. E sei que ainda virão muitas outras curiosidades e surpresas nas nossas vidas, espero estar junto para ouvir tudo atenta, poder rir e falar o que penso, seja ruim ou bom, falarei o que for necessário. As diferenças irão persistir e elas virão para atrapalhar o que construímos durantes esses anos, mas nada quebrará os laços que nos uniu.
Essa sim, é minha única certeza.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Silêncio.

"Passo o tempo todo pensando - não raciocinando, não meditando - mas pensando, pensando sem parar. E aprendendo, não sei o quê, mas aprendendo. E com a alma mais sossegada (não estou totalmente certa). Sempre quis 'jogar alto', mas parece que estou aprendendo que o jogo alto está numa vida diária pequena, em que uma pessoa se arrisca muito mais porfundamente, com ameaças maiores. Com tudo isso, parece que estou perdendo um sentimento de grandeza que não veio nunca de livros nem de influência de pessoas, uma coisa muito minha e que desde pequena deu a tudo, aos meus olhos, uma verdade que não vejo mais com tanta freqüência. Disso tudo, restam nervos muito sensíveis e uma predisposição séria para ficar calada. Mas aceito tanto agora. Nem sempre pacificamente, mas a atitude é de aceitar."
Clarice
Ela consegue dizer o indizível, portanto, calada permaneço.

É bem verdade

"...você está escrevendo bem, com calma, estilo seguro, sem precipitação. Talvez porque agora você já não esteja sofrendo muito, mas sofrendo bem: é uma diferença bem importante, para a qual o Mário sempre me chamava a atenção. A gente sofre muito: o que é preciso é sofrer bem, com discernimento, com classe, com serenidade de quem já é iniciado no sofrimento. Não para tirar dele uma compensação, mas um reflexo."

Em carta de Fernando Sabino para Clarisse Lispector.

terça-feira, 22 de abril de 2008

idealizações

sentiria vontade, se ao menos fosse real.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Haverá paradeiro?

'Haverá paradeiro para o nosso desejo dentro ou fora de um vício?
Uns preferem dinheiro, outros querem um passei perto do precipício.
Haverá paraíso sem perder o juízo e sem morrer?
Haverá pára-raio para o nosso desmaio num momento preciso.
Uns vão de pára-quedas, outros juntam moedas antes do prejuízo
Num momento propício, haverá paradeiro para isso.
Haverá paradeiro para o nosso desejo dentro ou fora de nós.'