terça-feira, 29 de junho de 2010

Deixa a alma de vigia...

Na Ponte Dom Luis I, a indescritível.

Volto aqui às 2h58min da madrugada de uma quarta-feira, 30 de junho de 2010. Desde ontem eu me desespero através de pensamentos, lágrimas, trilha sonora regada de Madredeus, jogo da Seleção e sei lá mais o que. Tudo não passa de acaso, juro. E mais uma vez a saudade aperta, dói mesmo. Eu só senti essa dor intensa no peito uma vez na vida e hoje ela retorna, tão inesperada, tão dolorida.

Primeiro, através de um sonho, mas um sonho tão real que eu acordei jurando que estava no Porto. Acordei tão confusa que não tive fome e comi um sanduíche, tal como acontecia em território lusitano. Com aquele projeto de refeição passei a tarde num ambiente hostil. Acordei com um pensamento tão forte da vida que eu tinha, com as pessoas que costumavam estar. Com as edificações imponentes, senti a ausência dos prédios antigos, mais conservados, no meu caminho. As ruas não eram as mesmas, o transporte não era o metro, existia um trânsito e uma agonia em ultrapassar típica do motorista brasileiro. Confesso, foi estranho.

Casa da Música na rotunda da Boavista, pertinho do meu lar.

Penso eu, até meu inconsciente está condicionado aos pensamentos pregressos. Meu inconsciente é verdadeiro culpado de tanta confusão no meu dia. Dia em que eu desejei mais do que tudo voltar o tempo e viver outra vida. E eu nem sei porque tanto desespero. Queria ao menos entender, eu que estava tão bem, tão conformada...

Eu e o Porto atrás de mim

Cheguei em casa por volta das 18h10min e fui para o único lugar que me sinto mais confortável comigo mesma. Assisti um episódio de uma série qualquer e comi nutella com pão (este tomou o lugar do waffle que nem adianta procurar, aqui não vou achar) a refeição me fez sentir saudade mais uma vez. Agora tento resgatar de onde eu tirei a iniciativa de escutar Madredeus, trilha sonora desse dia saudoso, sofrido que se arrastou. Nunca dei muita atenção ao grupo, mas hoje a letra já não sai mais da minha mente, a vocalista não para de cantar o refrão "o meu sonho acaba tarde, acordar é o que eu não queria" e meu deus, surpresa, voltei essa parte umas 20 vezes seguidas, parecia que Deus me mostrava a resposta para o meu dia angustiante. E eu me rendi. Deitei de súbito e chorei, solucei, quis implorar voltar o tempo, como se fosse possível deveras voltar.

Gostaria que alguém me explicasse o que é esse sentimento por um lugar, uma cidade. Será possível!? Quero caminhar e sentir um vento gelado tilintar o meu ouvido, ver mais uma vez a Casa da Música e as casinhas coloridas da Ribeira. Só isso.
Espero ler esse texto amanhã e achar o maior melodrama da história, semelhante a novela mexicana. Pelo menos aqui fica o registro de um dia atípico, cheio de desejo, de saudade, de certeza. Voltarei! =)