Mas enfim, hoje eu escrevo pelo único fato de não entender como ainda não postei o texto do Arnaldo que logo mais surgirá. Na realidade, eu comecei falando de meu trabalho sobre o desenvovilmento psicossocial (blá blá blá) e por não aguentar mais olhar para as letras aparecendo no monitor, eu coloquei algumas musiquinhas do Arnaldo pra abstrair o clima pesado que pairou essa tarde.
Entre elas veio o Buraco do Espelho, texto que eu descobri há mais de dois anos e que dizia muito sobre minhas noites mal dormidas de outrora, porém descobri que o tempo passou, muitas coisa mudaram mas a poesia concreta do Arnaldo é atemporal e ainda, ou melhor principalmente hoje me deixa perplexa.
Essa tarde eu parei quando aquela voz rouca soou pelo quarto, transcorreu pela casa e voltou aos meus ouvidos, logo com as primeiras palavras: O BURACO DO ESPELHO...parece que o mundo parou, parado.
Certamente!
Sem o Antunes, pois o Arnaldo já me basta!
"o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora "
Arnaldo Antunes
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