segunda-feira, 12 de julho de 2010

Copa 2010 para mim

Escrevi esse texto para o Blog do Torcedor no sábado (10) um dia antes da final da Copa 2010, em que a Espanha ganhou seu primeiro título de Campeã Mundial.


http://jc3.uol.com.br/blogs/blogdotorcedor/canais/copadomundo/2010/07/11/a_copa_de_2010_para_mim_75098.php

Futebol não é uma partida que se resume aos 90 minutos disputados. Futebol é muito mais do que 22 jogadores buscando o gol da vitória. E um juiz, tentando estabelecer o equilíbrio em campo.


Quando se fala em Copa do Mundo parece existir algo que maximiza a dimensão dos envolvidos, isto é, o mundo todo. O maior campeonato de Futebol dura apenas um mês. Uma pena para os apaixonados pelo esporte, que não desgrudam da televisão para assistir a uma simplória partida entre Nova Zelândia e Eslováquia. Aliás, pretensão minha menosprezar tamanho espetáculo futebolístico. Afinal, a Nova Zelândia pode ser a única seleção que não sofreu uma derrota sequer, quanto à Eslováquia, desclassificou a Itália e foi para as oitavas de final.

Posso definir a Copa 2010 como surpreendente. A cada lance (dentro e fora das quatro linhas) uma surpresa para o mundo. Quem não torceu pela África do Sul se classificar pelo menos para as oitavas? E não se emocionou a cada comemoração de gol dos africanos? Parecia mais que eles estavam comemorando o título de campeões mundiais. Bonito mesmo foi assistir as suas danças cheias de espiritualidade. Surpresa para muitos, que subestimaram a capacidade de um país africano sediar a Copa. Fica o gostinho delícia de assistir Gana chegar tão longe (quartas de final) e perder por muito pouco, num jogo sofrido, mas raçudo.


Ficamos com personagens eternizados. Um Maradona orgulhoso de si e de seus meninos. Cheio de expressões, rezas e palavras. Um Cristiano Ronaldo, mais preocupado com sua imagem no telão, quando pronto para bater uma falta, do que com a oportunidade de gol que lhe cabe naquele instante. Abre as pernas, faz carão e se admira. A torcedora paraguaia Larissa Riquelme procurando sua Copa da Fama. Encontrou seus 15 minutos! A ausência do espírito esportivo da França. E a eliminação das tão tradicionais Itália e Inglaterra. E o Japão? Que finalmente aprendeu a jogar futebol.


Futebol tem dessas coisas”, já dizia Galvão Bueno. Ele aderiu à campanha Cala a boca Galvão e ficou conhecido como um pássaro brasileiro ameaçado de extinção. A Vuvuzela. Eu fico um tanto confusa, pensando se a discriminação é realmente ao produto que atrapalha a comunicação dos jogadores (e torcedores) ou se é por sua origem. E a Jabulaaani, polemizada por sua leveza.

Essa Copa trará um campeão inédito, merecedor do título. Pode ser a Espanha, que não mostrou tudo o que sabe, mas foi competente na hora da definição. Pode ser a Holanda que, apesar da tradição, nunca levou o caneco para casa. Elas fecham com chave de ouro o que para nós foi uma copa cheia de surpresas e teorias da conspiração.


Quanto à nossa seleção, fez pouco, quase nada. Decepcionou milhões de torcedores e deixou a desejar no que diz respeito ao futebol malandro, repleto de firulas e gingado. No lugar deste, estava uma equipe pragmática, conservadora e teimosa. Agora, não adianta escolher o melhor culpado: a inexperiência do Dunga ou o chute do Felipe Melo, não importa mais. Eles não foram os verdadeiros culpados. Talvez a presença do Mick Jagger. Talvez... Ficamos com o choro do goleiro Júlio Cesar, a cara inchada de Kaká e as lamentações de Robinho. Nós é que lamentamos mais.


Ficamos com o desejo de construção. A renovação da equipe brasileira que carrega a esperança de todo o País. Sediar a Copa de 2014 pode ser um marco na história do Brasil, uma oportunidade de experimentar emoções agradáveis através da prática futebolística, que tanto mexe com o imaginário do torcedor. Respirar novos ares, sair um pouco dessa rotina avassaladora e adentrar no mundo fantástico dos dribles, passes e lances. Que a principal função do esporte seja contemplada na produção de excitação prazerosa, no espírito esportivo e a construção de um Brasil melhor. Esperemos!




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