sábado, 22 de novembro de 2008

fado

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental. Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro).
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar.
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora."

Desmedida sensação de incapacidade, fracasso e frustração.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

ti quiero barcelona

Meu primeiro filme de Woody no cinema, diretor que conheci ano passado e que já sei tanto sobre seus suas características. Aprendi a gostar e até fazer análise cinematográfica na cadeira de 'Teoria da Imagem', a comédia misturada com a tragédia é seu prato predileto, passou a ser o meu também quando se trata do Woody. Também foi o primeiro filme na telona com a Penelope (que é uma espécie de Natália para mim) e do Javier, atores que gosto demais. É sempre bom apreciar uma arte e admirá-la com risos de consagração.
Enfim, Vicky Cristina Barcelona reativou minha paixão, que apenas estava adormecida pela ocu(preocu)pação com os assuntos acadêmicos, pelos filmes que nos revelam a magia e realidade que é a vida como um todo. Fico por aqui esperando pela próxima arte, arte no sentido amplo e literal.

domingo, 9 de novembro de 2008

des-calços

Foto: Sebastião Salgado

diário de uma adolescente

Eu acho que sei muito, muito é muita coisa, mas o suficiente. Aí vem algum pensamento e diz que eu sei muito pouco, quase nada. E entro em desespero, fico angustiada e a insegurança toma conta de mim. Com o medo transpirando meus poros meus olhos não conseguem mentir e as intermináveis perguntas chegam a minha boca e saem sem que eu as controle. As vezes eu acho que é melhor assim, talvez quando eu me cale fique ainda mais desesperada pois são duas vezes mais angústias e insegurança: os meus pensamentos e a minha ausência de perguntas. Afinal se o único jeito de saber as coisas que tanto me atormentam é perguntar, perguntemos!
Mas não tem jeito, nem todas as perguntas do universo vão me fazer ficar quieta diante das minhas inseguranças.
Eu já tenho uma tendência a ficar tensa, nervosa, com insônia, é aquela frase "penso, logo não durmo". Então aqui estou, sozinha em meu quarto sem conseguir dormir, mais uma vez. Só não quero precisar tomar remédios para relaxar. Isso é um vício.
Pois é, penso na vida, nas mil coisas que tenho pra fazer, entregar trabalhos, provas e fichamentos. Está tudo inacabado. Penso nos amigos que desejo te-los por perto, mas não vejo esta possibilidade, estão todos construindo suas vidas e o tempo que nos resta são os poucos finais de semana. Tenho saudade, morro de saudade. Penso em você, em nós, na vontade desgarrada de ser feliz e amar amar amar. Penso que um dia ainda morro de medo e insegurança que chega a doer e por senti tanta dor eu caio aos prantos.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

o buraco

Hoje eu fiquei completamente estressada com um trabalho da faculdade. É engraçado como eu sempre deixo tudo pra última hora e isso sempre me faz um mal danado. As vezes eu ensaio fazer tudo no seu tempo pra não entrar em agonia, mas não consigo manter a regularidade por mais de duas semanas. As vezes simplesmente eu não faço meus deveres de casa por pura preguiça e o transtorno parece nunca ter fim, salvo nas férias que eu canso de fazer nada. Falando em férias eu corro meus dias ansiosa por elas, no fim do túnel já avisto a luz do meu primeiro dia de literatura e de meu cinema em casa com pipoca.

Mas enfim, hoje eu escrevo pelo único fato de não entender como ainda não postei o texto do Arnaldo que logo mais surgirá. Na realidade, eu comecei falando de meu trabalho sobre o desenvovilmento psicossocial (blá blá blá) e por não aguentar mais olhar para as letras aparecendo no monitor, eu coloquei algumas musiquinhas do Arnaldo pra abstrair o clima pesado que pairou essa tarde.
Entre elas veio o Buraco do Espelho, texto que eu descobri há mais de dois anos e que dizia muito sobre minhas noites mal dormidas de outrora, porém descobri que o tempo passou, muitas coisa mudaram mas a poesia concreta do Arnaldo é atemporal e ainda, ou melhor principalmente hoje me deixa perplexa.

Essa tarde eu parei quando aquela voz rouca soou pelo quarto, transcorreu pela casa e voltou aos meus ouvidos, logo com as primeiras palavras: O BURACO DO ESPELHO...parece que o mundo parou, parado.
Certamente!
Sem o Antunes, pois o Arnaldo já me basta!
"o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve

já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada

o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora "

Arnaldo Antunes