domingo, 25 de outubro de 2009

'você ainda pode sonhar'

Londres é definitivamente cinza! Do jeitinho que eu imaginava. É grandiosa! E não tenho vergonha nenhuma em dizer que em vários momentos eu tive vontade de chorar, e em alguns deles uma lágrima tímida correu meu rosto. Lembro cada detalhe e guardo cada lembraça para a eternidade.
Lembro quando cheguei e tentei me acalmar, falando sozinha para mim mesma que tudo ia dar certo, eu ia passar pela imigração, responder as perguntas como quem responde um questionário de revista feminina. E foi assim mesmo que aconteceu. Estava calma, porém suava um pouco, respondi tudo com um sorriso simpático só pra disfarçar meu nervosismo. Lembro quando vi Camila sentada na frente do Burger King e naquele momento eu me senti tão aliviada e não dei um abraço forte porque ainda estava sob o efeito da euforia de passar pela imigração ilesa. Mas eu me senti tão bem, tão em casa. Depois de dois meses finalmente eu encontrei alguém conhecido, alguém com quem eu poderia contar pra qualquer coisa. Marília também me deu um abraço e eu me senti mais confortada. Queria ficar sozinha, só para sentir a sensação de estar aonde eu nunca imaginei. Foi aí que me sentei no ônibus que leva para a Estação Victoria, centro de Londres. A primeira música que escutei foi Iris de Go go dolls e eu prendi o primeiro choro. Primeiro veio a incapacidade de acreditar naquilo tudo que estava acontecendo, estar num lugar que eu nunca imaginaria estar, onde eu só acreditava estar nos meus sonhos e de fato estar ali. Passar de fotos, de mapas, de livros para o real é uma coisa muito louca, indescritível! Eu estava mais uma vez sozinha sentada no ônibus e aquele trecho gritava em meus ouvidos "when everything feels like the movies, you bleed just to know you're alive" meu choro traduz como sangue, pois por dentro eu senti o sangue transcorrer minhas veias, meu coração e eu me senti uma pessoa melhor, mais viva.
Eu sempre brinquei ao falar que ia chorar quando finalmente visse o Big Ben. Eu não chorei, mas prendi com força minhas lágrimas. Foram minutos de imensa felicidade, emoção. Se esses momentos não fossem registrados por fotos eu jamais acreditaria que aquilo de fato aconteceu comigo. Eu me senti tão imponente, é impossível eu expressar o que senti em palavras, mas foi tão bom, queria sempre estar de bem com a vida daquela forma. Foi transcedental! Me senti flutuar. Dividir esses momentos com amigas verdadeiras não tem preço, não tem.

Londres também é arte, principalmente é arte. Ver de perto artistas que eu só via em livros foi sensacional e mais uma vez eu me emocionei muito. Depois de ver Klimt, Picasso, Van Gogh, Matisse, Picarro chorei quando vi The Umbrella de Renoir. Queria aquele sentimento para toda a vida. O silência da National Gallery também era o meu silêncio dentro de mim e eu novamente me senti uma pessoa melhor, mais viva!
Londres é tudo o que eu imaginei e muito mais, principalmente porque eu consegui sentir a cidade, consegui tocá-la com os dedo e com o coração. E que para sempre ela permaneça em mim.

sábado, 24 de outubro de 2009

when everything feels like the movies

Yeah you bleed just to know you're alive

terça-feira, 13 de outubro de 2009

sábado, 10 de outubro de 2009

solitatis

Eu sinto saudade de sempre ter alguém pra me acordar. Mesmo que não seja uma hora boa, mas dá a sensação que alguém se importa com você a ponto de não deixar você perder a hora. Sinto saudade de acordar e a primeira coisa que tenho pra olhar é o papel de parede florido no teto do meu quarto. Sinto saudade de sair molhada de toalha do banheiro pro quarto e só ali me arrumar com a maior tranquilidade. Sinto saudade de cruzar a ponte da Capunga todos os dias. Sinto saudade do brega alto na comunidade vizinha. Como sinto saudade da paisagem nada favorável da minha janela. (Desejaria que o sistema do brasileiro fosse um pouco parecido com o daqui e no lugar dos barrocos eu visse casas bonitas e bem estruturadas) Sinto saudade de comprar doritos ou cheettos no posto ao lado da minha casa e cumprimentar Sr. Nilo que sempre foi muito simpático. Sinto saudade do abraço que nao dei em Sr. Joaquim que me viu nascer e também da foto que não tirei com Sr. Aloísio. Sinto saudade de dirigir o meu Renault cinza até ficar com a batata doendo de tão alta que é a embreagem. Sinto saudade de receber uma ligação de Bruna, como também sinto saudade de retornar as ligações quando eu bem quiser. Sinto saudade de assistir na televisão um programa que realmente goste. E também de assistir ao jornal com noticías que me interessam. De ler o caderno C do JC na poltrona marrom da sala. De ver as besteiras de Marcelo Adnet e os irreverentes do CQC. Sinto saudade de andar pela casa descalço e do meu short azul escuro. Do biscoito treloso e do sorvete da minha mãe. Sinto saudade de passar o final de semana com Cleonardo e esquecer o resto do mundo. Sinto saudade de ser acordada por Ciro quase todos os dias cedo da manhã. Sinto saudade de deitar entre as camas do meu avô e da minha vó e lá assistir um pedaço da novela. Sinto saudade de fazer questão de assistir Caminho das Índias com minha mãe. Sinto saudade dos mimos. Sinto saudade do abraço apertado, onde eu encaixo perfeitamente. Sinto saudade de comer na mcdonza, do macunaíma e do pin up. De ser a alegria da casa. De aperrear minha mãe. De brincar com minha vó e ter ciúme de meu blindo. De fazer planos com minha tia e de dividir os chocolates com meu primo. De receber uma reclamação ou um conselho sincero de alguém que se importa. De confabular manhãs inteiras com Taiana. De chegar na casa de Bianca e ouvir Pene gritar. E de Lígia. Sinto saudade de ir ao mercado da Boa Vista num sábado de sol com as minhas amigas jornalistas. E de 'passar frio' no Recife Antigo à noite. Sinto saudade de não saber o que é sentir frio. E sinto saudade de gargalhar alto e com vontade. Sinto saudade da minha rotina e dos meus queridos. Sinto saudade de cada pedacinho que deixei. Sinto saudade de vasculhar as fotos antigas da família quando bate a saudade do tempo que passou. Da Boa Vista da minha cidade, separada e com trânsito. Do capibaribe que cheira mal. Desejo do fundo do meu coração que um dia o cenário mude, mesmo que eu não esteja viva pra conferir as melhorias, mas que mude.
Tá bom, isso aqui já tá tomando outro rumo...
Em momentos como este desejo voltar para o meu lugar.